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Resenha Literária: “A Biblioteca da Meia-Noite” nos mostra uma vida e muitas possibilidades


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"A Biblioteca da Meia-Noite" é um livro que traz várias reflexões boas sobre a vida. (Foto: Vanessa Linhares)

Por Vanessa Linhares


A Biblioteca da Meia-Noite é um romance do gênero literatura fantástica, do autor Matt Haig. Publicado em 2020, o livro se tornou best-seller do New York Times e é vencedor do Goodreads Choices Awards de 2020. Haig já escreveu livros de ficção e não-ficção para crianças e adultos, muitas vezes no gênero de ficção especulativa. É um autor best-seller internacional com livros publicados em mais de 30 idiomas.


Na trama, aos 35 anos de idade, Nora Seed é uma mulher cheia de talentos, mas com poucas conquistas. Arrependida das escolhas que fez no passado, ela vive se perguntando o que teria acontecido se tivesse tomado outras decisões. Após seu gato morrer e ser demitida do trabalho, Nora não vê mais sentido em sua vida e decide pôr um fim a ela. Porém, ela acaba indo parar na Biblioteca da Meia-Noite, um lugar entre a vida e a morte, onde ela pode rever seus arrependimentos e viver todas as vidas que poderia ter vivido.


Neste lugar, Nora pode se mudar para a Austrália com uma amiga, reatar antigos relacionamentos – ou começar outros novos, ser uma nadadora olímpica, uma estrela do rock, uma glaciologista, entre outras coisas, já que as possibilidades são infinitas. Mas será que alguma dessas vidas é melhor do que a que ela já tem? Na Biblioteca da Meia-Noite, Nora tem a chance de desfazer algo de que se arrependeu e viver uma vida diferente da dela se ela tivesse tomado escolhas diferentes. Diante dessa possibilidade, Nora faz um mergulho interior viajando pelos livros da Biblioteca da Meia-Noite até entender o que é verdadeiramente importante na vida e o que faz, de fato, com que ela valha a pena ser vivida.

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Entre estantes e livros, Nora precisa encontrar aquele livro que contém sua melhor vida. (Foto: Vanessa Linhares)

A Biblioteca da Meia-Noite é um livro que contém alguns gatilhos. Logo no início (bem melancólico, aliás), percebemos como a protagonista se sente depressiva e frustrada com a vida que leva. Todos os seus relacionamentos amorosos não deram certos, amigos se afastaram dela, os pais morreram, o irmão não fala com ela há um bom tempo e o emprego como vendedora em uma loja de instrumentos musicais a deixa sem perspectiva de crescimento. Quando seu gato de estimação morre e Nora é demitida do trabalho, ela conclui que não há mais razão para viver. Mas, ao tentar o suicídio, Nora se encontra em um lugar que fica entre a vida e a morte, chamado de Biblioteca da Meia-Noite.


Lá, nossa protagonista encontra infinitas prateleiras, com infinitos livros. Dentro desses livros estão as diferentes vidas que Nora poderia estar vivendo se tivesse tomado outras decisões. Com a ajuda da bibliotecária do local, a Sra. Elm, Nora pode experimentar todas essas vidas. Mas sempre que experimenta uma vida, percebe que nem tudo são flores. Conforme ela vai experimentando essas novas possibilidades, ela aprende mais sobre a vida e sobre si mesma. Como Nora é formada em filosofia na sua vida original, ela faz diversas reflexões interessantes baseadas em seus filósofos favoritos, como Thoreau e Marco Aurélio. Um outro ponto interessante do livro é como ele trata das questões que envolvem universos paralelos.

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A pergunta "e se?" é o que move a protagonista na biblioteca. (Foto: Vanessa Linhares)

Apesar de uma história interessante, com assuntos que nos fazem refletir sobre a vida e sobre nós mesmos, tem momentos em que A Biblioteca da Meia-Noite fica cansativa e repetitiva. Isso porque são vários capítulos em que Nora experimenta uma vida nova, percebe que tem algo ruim ou algo que ela não gosta nessa vida nova e volta para a Biblioteca. E fica nesse looping até a protagonista perceber que não existe vida perfeita e que as pequenas coisas que ela faz podem fazer a diferença na vida de outras pessoas e no mundo, trazendo um final já previsível. Já a construção dos personagens é bem rasa. A única que foi bem construída foi a protagonista, agora os outros, parecem aparecer somente para ensinar alguma lição para Nora.


No geral, A Biblioteca da Meia-Noite é um ótimo livro, que nos faz refletir, mas que contém alguns gatilhos. Com uma narrativa simples, a obra traz uma premissa interessante e uma boa história, apesar de ser repetitiva em alguns momentos e de não dar abertura para o desenvolvimento de outros personagens, focando somente na protagonista e nas diversas vidas que ela poderia ter se tivesse tomado uma decisão diferente.

"A Biblioteca da Meia-Noite" é uma obra que traz uma mensagem legal no fim, com uma premissa interessante. (Foto: Vanessa Linhares)

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