“A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais”: duas versões de um mesmo crime
- The C.A.R.O
- 4 de out. de 2021
- 3 min de leitura
Os filmes que contam a história de um dos casos mais famosos do Brasil chegaram a Amazon Prime Video em setembro

Por Vanessa Linhares
A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais são dois longas-metragens brasileiros de drama e caso policial baseados em um crime real que chocou o país em outubro de 2002: o assassinato brutal de Marísia e Manfred Von Richthofen, a mando da filha do casal, Suzane, e executado por Daniel Cravinhos e Christian Cravinhos, namorado e cunhado da jovem na época. Com direção de Maurício Eça e roteiro de Ilana Casoy e Raphael Montes, os filmes deveriam ter estreado em abril de 2020 nos cinemas, mas devido a pandemia provocada pelo novo coronavírus, as produções sofreram diversos adiamentos e acabou indo parar no streaming. A Amazon Prime Video apostou na ideia e trouxe com exclusividade para o seu catálogo, no último dia 24 de setembro, os dois longas.
Em A Menina Que Matou os Pais (com foco no depoimento e na visão de Daniel Cravinhos sobre os fatos) e O Menino Que Matou Meus Pais (com foco no depoimento e na visão de Suzane Von Richthofen sobre os fatos), o enredo gira em torno dos depoimentos dados pelo ex-casal sobre os acontecimentos que antecederam o crime e como era o namoro dos dois. Suzane (Carla Díaz) é uma garota bem-de-vida, que se apaixona por Daniel (Leonardo Bittencour), instrutor de aereomodelismo e de família humilde. Juntos, eles planejam e executam o terrível assassinato dos pais da moça, Marísia (Vera Zimmermann) e Manfred (Leonardo Medeiros), contando ainda com ajuda de Christian Cravinhos (Allan Souza Lima), irmão de Daniel.

No filme que mostra a visão de Suzane, ela pinta Cravinhos como uma pessoa controladora e manipuladora, que a influenciou a cometer o bárbaro crime, enquanto ela era uma menina inocente. Já no filme que mostra a visão de Daniel, ele conta que era um rapaz simples e honesto e que a namorada tinha problemas emocionais, uma família desestruturada e que usou ele para executar o crime.
Carla Díaz entregou tudo em ambos os filmes. A atriz que foi extremamente elogiada pelos críticos por sua atuação, conseguiu interpretar duas “Suzanes” diferentes em cada versão, passando ao público as diversas emoções conturbadas da personagem. A cena do dia do crime, onde Richthofen fica esperando na sala, deixa o telespectador aflito e Díaz passou toda a perturbação da protagonista em cena. Leonardo Bittencour também brilhou no papel com as duas versões do mesmo personagem, retratando personalidades distintas.

O olhar do diretor Mauricio Eça para contar essa história foi planejado para entregar o que os personagens dizem em depoimento e deixar o público montar o quebra-cabeça sozinho, afinal, ao mudar de versão, temos cenas que não são vistas em uma delas, passagens e falas que são ditas que são completamente diferentes de um longa para o outro. Os filmes são eficientes em não romantizar Suzane e Daniel. São duas produções que denunciam as mentes frias e complexas que arquitetaram um crime brutal.
No final, o telespectador tem um pouco do quadro geral, de tudo que antecedeu a noite do crime e os depoimentos do casal, onde deixam para quem assiste escolher quem está falando a verdade (ou quem está mentindo menos). É preciso assistir os dois filmes? É o recomendado, faz parte da experiência, e como estão no streaming, estão a um clique de distância. Temos uma ordem certa? Não, mas o diretor recomenda começar por O Menino Que Matou Meus Pais. Os dois são filmes inteiros, onde um completa, e afirma, a existência do outro. São uma boa escolha para quem gosta desse tipo de gênero, e é nacional, então vamos apreciar nosso cinema nacional também!

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