“Barbie” diverte, debocha, emociona e ainda traz boas críticas sociais
- The C.A.R.O
- 7 de ago. de 2023
- 3 min de leitura
Filme baseado na boneca mais famosa do mundo vai além do mundinho cor-de-rosa e nos faz refletir sobre a sociedade

Por Vanessa Linhares
Barbie é um filme de comédia, fantasia e drama, baseado na boneca mais famosa do mundo, a Barbie da empresa Mattel. Lançado nos cinemas no dia 20 de julho de 2023, o longa tem direção de Greta Gerwig, que além de dirigir, também assina o roteiro ao lado de Noah Baumbach. Um dos filmes mais aguardados do ano (se não, o mais), tem como protagonista a atriz Margot Robbie, que também é uma das produtoras da obra. Com distribuição da Warner Bros., a produção segue em cartaz nos cinemas de todo o país.

Na trama, a Barbie original/estereotipada (Margot Robbie) vive feliz na Barbielândia com suas amigas Barbies e os bonecos Kens, fazendo coisas divertidas todos os dias e tendo a certeza de que sua invenção mudou a vida de todas as garotas do mundo real. No entanto, pensamentos sobre a morte e mudanças de comportamentos, a fazem entrar em crise e dar “defeito”.
Determinada a mudar isso e voltar a ter a vida perfeita, Barbie precisa ir até o mundo real e descobrir o quê (ou quem) está fazendo isso com ela. Seu namorado Ken (Ryan Gosling) a acompanha nessa jornada, mas ao chegar lá, ele descobre o patriarcado. Já Barbie, percebe que o universo dos humanos é totalmente diferente do das bonecas e que sua invenção não foi capaz de mudar a vida das mulheres.

Barbie é um filme divertidíssimo. Criativo, conceitual e debochado, o longa se utiliza do bom-humor para fazer críticas reais sobre a sociedade. O patriarcado, o capitalismo, o machismo, as dificuldades em ser mulher e até mesmo o assédio é retratado no longa. E apesar de ser um filme leve, a diretora não é nada sutil ao fazer essas críticas. A produção também se utiliza da metalinguagem e conseguimos observar críticas sobre a própria Barbie, como por exemplo, o impacto que a boneca teve em diversas gerações, onde o corpo e a beleza inalcançáveis, atingiram meninas de todo o mundo a buscar um padrão de beleza quase impossível, impactando direto em suas auto estimas. Padrão esse, que a Mattel procurou mudar ao longo das décadas, trazendo mais diversidade e representatividade às bonecas.

Barbie também é nostálgico e faz diversas referências ao mundo dos brinquedos. A cenografia é impecável e nos faz mergulhar no universo Barbie. A Barbielândia é composta por casas sem todas as paredes, carros rosas, escovas de cabelo grandes, e um mundo inteiro cor-de-rosa. Exatamente como milhares de meninas (e meninos) brincavam quando criança. Há referências também às Barbies que saíram de linha, à forma como as crianças brincam com as bonecas e também existem referências a outros filmes famosos, como Grease e 2001: Uma Odisseia no Espaço. O figurino é belíssimo e condiz com o que é proposto. A trilha sonora é um show a parte, excelente. Quem não saiu do cinema com a música original “I’m Just Ken”, interpretada pelo Ryan Gosling, na cabeça, certamente assistiu ao filme errado (risos).

Margot Robbie foi a escolha perfeita para interpretar a Barbie. Além de ser fisicamente parecida com a boneca, a atriz tem muito carisma e ela transmite isso para a personagem, sem contar toda a ingenuidade que a Barbie tem. Gosling também está perfeito no papel do Ken principal. Ele tem carisma, uma atuação expressiva e um timing cômico excelente. Sua crise existencial e sensação de não ser ninguém, envolve o espectador no seu arco, mesmo ele não tomando as melhores decisões após ir para o mundo real e voltar querendo estabelecer o patriarcado na Barbielândia. Parece que Robbie e Gosling nasceram para interpretarem a Barbie e o Ken, de tão bons que estão em seus respectivos papéis. Os demais personagens também são bons e divertidos, com destaque para Simu Liu, que interpreta o outro Ken, rival do Ken do Gosling, Michael Cera, que faz o boneco Alan e America Ferrera, no papel da Gloria, uma humana com problemas com a filha adolescente.

Barbie tem uma classificação indicativa para maiores de 12 anos e pode ser visto tanto por homens, quanto mulheres. Mas é um filme que atinge as mulheres de uma forma diferente. Só no discurso que a Gloria faz em uma cena especifica, já nos impacta de uma forma diferente, porque sabemos exatamente o que significa. Com um final emocionante, Barbie é aquele filme necessário, que diverte, nos faz refletir, dá voz as mulheres e traz ótimas críticas sociais. Pode não ter o melhor roteiro do mundo, mas soube exatamente como conduzir a história para se manter interessante até o fim.

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