“Negra Como a Noite”: lutando contra vampiros e contra o racismo
- The C.A.R.O
- 11 de out. de 2021
- 2 min de leitura
Filme de terror da Blumhouse entretém enquanto aborda questões históricas e culturais
Por Vanessa Linhares
Negra Como a Noite (ou Black as Night, no original) desenvolvido e produzido pela Blumhouse Productions em parceria com a Amazon Prime Video, chegou ao streaming no último dia 01 de outubro. Com direção de Maritte Lee Go e roteiro de Sherman Payne, o longa prende a atenção do telespectador desde o começo, quando mostra já na abertura manchetes em torno da questão do racismo e da segregação nos Estados Unidos, dos impactos do furacão Katrina e do movimento do Black Lives Matter, de 2020.
O filme conta a história de Shawna (Asjha Cooper), uma adolescente de 15 anos, que desde muito nova vê como sua família e outras foram destruídas pela passagem do furacão Katrina em Nova Orleans em 2005, e como isso afetou profundamente sua mãe (Kenneisha Thompson), que se viciou em drogas e deixou a família para morar em um conjunto habitacional “caindo aos pedaços”, onde somente pessoas que vivem em extrema pobreza e viciados moram. Além disso, a jovem é insegura com sua aparência, cor e sentimentos.
Ao voltar sozinha de uma festa, Shawna é atacada por um vampiro sem-teto. No dia seguinte, após ter certeza que ela não foi transformada, ela vai até a casa de seu melhor amigo Pedro (Fabrizio Guido), que é gay, mexicano e expert na história da cidade, para contar o ocorrido. Os dois concluem que esses seres sobrenaturais estão atacando moradores de rua e viciados. Preocupada com sua mãe, a jovem vai até o conjunto habitacional para verificar se ela está bem, porém a adolescente se depara com a mãe recém-transformada em vampira, e ao entrar em contato com a luz do sol, a mulher entra em chamas e morre.
Determinada a se vingar da morte da mãe, Shawna vai a caça do líder dos vampiros com ajuda do Pedro, do seu crush da escola, Chris (Mason Beauchamp), e de uma nova amiga apaixonada por literatura vampiresca. Juntos, descobrem que o chefe do clã era um escravo que foi transmutado em vampiro há alguns séculos e que estava montando um exército com os excluídos da cidade, para acabar com a supremacia branca – criando um contraponto interessante por formar outro tipo de supremacia.
Negra Como a Noite traz elementos clássicos de filmes de vampiros, como as estacas de maneira, o alho e a prata, além de uma protagonista jovem que encara o desafio de acabar com esses monstros. Porém, esse longa tem um pano de fundo muito interessante de se ver, que é a questão racial e social. Tocando em assuntos como a escravidão nos Estados Unidos, o preconceito, a segregação racial e a desigualdade social, o filme consegue te entreter e ao mesmo tempo abordar questões históricas e culturais que moldaram a sociedade estadunidense. É muito legal ver quando a protagonista conhece um pouco da história dos seus antepassados que cultuavam e exaltavam a beleza da mulher negra, fazendo com que Shawna aceite sua negritude e tenha orgulho disso.
Negra Como a Noite é um bom filme, que diverte, cativa e entretém o público, além de tocar em assuntos delicados sem perder a sensibilidade.
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