“O Telefone do Sr. Harrigan”: filme não surpreende,mas ainda assim consegue envolver o telespectador
- The C.A.R.O
- 17 de out. de 2022
- 3 min de leitura
O longa é baseado em um conto do famoso escritor de livros de terror, Stephen King

Por Vanessa Linhares
O Telefone do Sr. Harrigan é um filme de terror, suspense e drama, lançado em 05 de outubro de 2022, pela Netflix. A produção é baseada no conto homônimo do famoso escritor Stephen King e faz parte do livro Com Sangue, publicado em 2020. O longa tem direção e roteiro de John Lee Hancock, e produção assinada por Ryan Murphy.
Na trama – que começa em 2003, Craig (primeiramente interpretado por Colin O' Brien e, posteriormente, por Jaeden Martell), é um garoto que, após a morte da mãe, vive apenas com seu pai em uma cidade pequena. Certo dia, ele conhece John Harrigan (Donald Sutherland), um senhor milionário e solitário, que o contrata para ler livros. A partir daí, Craig vai visitar o Sr. Harrigan três vezes na semana para ler para o idoso, que tem dificuldade na vista. E mesmo após 5 anos, já adolescente e com outros interesses, o jovem continua com essa rotina, o que acaba aproximando os dois a desenvolver uma bela amizade.
Quando Craig entra em uma escola nova, percebe que boa parte dos jovens – principalmente os populares, já estão usando celular e pede um para o pai, que o presenteia no Natal com um iPhone. Nesse mesmo dia, ganha uma raspadinha premiada do Sr. Harrigan, e decide usar o dinheiro para presentear o idoso com um celular. No início, Harrigan é contra a ideia de ter um celular, mas logo Craig o convence a aceitar seu presente e começa a explicar sobre o telefone e ensinar o milionário a usar o aparelho. Mas, com a saúde já debilitada, o idoso acaba falecendo e mesmo do além, continua se comunicando com Craig através do smartphone.

O Telefone do Sr. Harrigan é um filme que tem um enredo que consegue prender e entreter o telespectador, mas não surpreende em nada. Apesar de ser baseado em uma obra de Stephen King, considerado um mestre do terror, o longa não tem momentos de terror, sustos ou tensão. Há um suspense ali no começo sobre a figura do Sr. Harrigan, afinal, ele vive em um casarão bonito, mas meio gótico e tem uma sala que ninguém entra, além de ser solitário e ter fama de ser implacável. Mas logo depois, o suspense vai embora e entra o drama.
Tanto Jaeden Martell, quanto Donald Sutherland, estão muito bons em seus papéis. Martell soube como trazer esse lado solitário e inseguro de seu personagem para o público, além de ser muito bem desenvolvido. Já Sutherland, se destaca na pele do velho ranzinza, solitário e sisudo. Os dois tiveram um entrosamento muito bom, o que facilitou na construção da amizade dos personagens. Algo que deu muito certo no filme também foi criar o Sr. Harrigan como um homem que não é nem do bem, nem do mal. Alguém humano, que tem seus erros e acertos, mas é visto como um homem justo e implacável e, ao longo da trama, vemos que, embora tenha algumas atitudes questionáveis, ele não pode ser visto como o único e grande vilão da história.

O Telefone do Sr. Harrigan faz críticas ao vício dos celulares e a internet, fala sobre bullying, e o idoso até faz “previsões” sobre como as fake news e a modernidade da tecnologia, pode se tornar prejudicial. Tudo isso com um tom sobrenatural, mas que está longe de ser terror. Há uma certa tensão sobre como Craig vai lidar com as mensagens e isso é bem positivo no longa também. O que pode gerar uma insatisfação com o longa é a expectativa. Afinal, você fica esperando uma grande reviravolta que nunca vem. Fora o final que poderia ser melhor trabalhado. No geral, é um filme de médio para bom, que consegue entreter, mas que não se aprofunda nos assuntos abordados. É um bom entretenimento para passar o tempo.

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