“Wolf Pack”: 1ª temporada tem uma trama interessante, mas com muitas pontas soltas no final
- The C.A.R.O
- 27 de mar. de 2023
- 4 min de leitura
Do mesmo criador de Teen Wolf, a nova série de lobisomens tem um tom mais sério que a produção de 2011

Por Vanessa Linhares
Wolf Pack é uma série de drama sobrenatural, original do Paramount +. Criada por Jeff Davis, mesmo criador de Teen Wolf, a produção é baseada nos livros de mesmo nome do autor Edo van Belkom e não tem ligação alguma com a série de 2011, apesar de ser do mesmo criador e falar também sobre lobisomens. Com direção de Joseph P. Genier, Jason Ensler e Katie Eastridge, a atração chegou ao streaming no dia 26 de janeiro de 2023 com os dois primeiros episódios e com os demais sendo lançados semanalmente, sendo o último disponibilizado no dia 09 de março de 2023 na plataforma do Paramount+. Sarah Michelle Gellar é uma das produtoras executivas do projeto, além de atuar na série.
Na trama, um grande incêndio florestal faz com que os moradores locais se desesperem e animais selvagens saem da floresta rumo à cidade. Em meio a esse caos, uma criatura sobrenatural é despertada por conta do fogo e ataca dois adolescentes, Everett (Armani Jackson) e Blake (Bella Shepard). Sem saber o que os atacou, os jovens percebem que a mordida da criatura os transformou e que ganharam poderes sobrenaturais. Assim, eles conhecem os gêmeos Luna (Chloe Rose Robertson) e Harlan (Tyler Lawrence Gray), dois lobisomens adolescentes que foram adotados pelo guarda florestal Garrett Briggs (Rodrigo Santoro) quando ainda eram bebês. A partir daí, os quatro jovens tentam entender o que causou o incêndio e quem é a grande fera que transformou Everett e Blake em lobisomens e que está matando pessoas pela cidade.

Wolf Pack é uma série que tem um ritmo um pouco mais lento. Apesar de todo aquele caos causado pelo incêndio florestal no início, a narrativa vai sendo construída aos poucos e de forma mais lenta. Os lobisomens da série são totalmente diferentes dos lobisomens de Teen Wolf, e apesar de ser do mesmo criador e da Paramount+ ter vendido em conjunto, são histórias completamente diferentes e com transformações distintas. Wolf Pack segue um tom mais sério e há poucos alívios cômicos. A série também fala de temas importantes como ansiedade, autismo, preservação ambiental e ataque de pânico. Os quatro protagonistas são meio que obrigados a virar uma matilha, já que o lobo que os transformou criou uma conexão entre eles. E mesmo eles não se dando bem no começo, eles precisam resolver esse mistério e descobrir quem é essa criatura que está matando os cidadãos da cidade e que transformou dois deles em lobos.
Fora isso, a detetive especialista em incêndio, Kristin Ramsey (Sarah Michelle Gellar), está na cola deles pois desconfia que os jovens estão escondendo algo. O que é verdade, afinal, eles não podem sair por aí contando que são lobisomens, que na lua cheia seus poderes ficam mais aflorados e que tem uma criatura sobrenatural com mais de 2 metros de altura matando geral. Além de cada um ter que lidar com problemas com os pais. Um dos melhores episódios é o episódio 5, onde tem uma festa na piscina e num momento de distração, a fera aparece para deixar todos apreensivos. Nesse episódio, o público consegue sentir toda tensão da cena e fica vidrado prestando atenção em tudo. Também é aqui onde reviravoltas começam a acontecer e revelações vão sendo lançadas ao telespectador no episódio seguinte. Porém, são tantas descobertas que acaba ficando confuso. Mesmo assim, a série ainda consegue manter o público preso a trama.

A relação entre os quatro protagonistas poderia ter sido melhor construída e desenvolvida. Quando uma grande descoberta vem à tona, eles estão separados e distantes e poderia ter gerado muito mais impacto (e conexão entre eles) se tivessem descoberto os quatro juntos. Cenas leves como a da academia por exemplo - quando Everett e Harlan estão malhando, poderiam ter acontecido mais vezes para construir uma relação melhor entre os quatro jovens, já que eles são praticamente estranhos um para o outro. Cenas onde eles precisam se ajudar e aprender a confiar mais um no outro fizeram falta para essa construção de amizade.
O casal formado por Blake e Everett até que são fofos e os atores tiveram uma química boa em cena. Agora a Luna com o menino que ela gosta, Austin (Rio Mangini), é zero química. Foi o beijo mais sem sal de toda a temporada. Sarah Michelle Gellar e Rodrigo Santoro roubam a cena quando aparecem. Eles são os adultos principais da série e com toda a experiência que ambos têm, conseguem entregar bons personagens, além de terem um bom entrosamento quando aparecem juntos. O final da temporada tem um ritmo um pouco mais acelerado e muitas coisas acontecem ao mesmo tempo. Ou seja, se você não ficar atento, pode achar confuso e se perder na narrativa. Além disso, ficaram muitas pontas soltas na história. Faltou explorar também o lado lobisomem dos protagonistas. Gostaria de ver mais cenas deles transformados em lobos ou descobrindo como funcionam seus poderes, já que cada um tem um poder diferente.

A Paramount + ainda não confirmou uma segunda temporada, mas se houver um segundo ano, precisa construir uma relação mais profunda entre os protagonistas e explorar os lobisomens que há dentro deles. Acredito que essa primeira temporada foi mais para eles se conhecerem e iniciar uma nova história de lobisomens adolescentes e que uma próxima temporada traria uma profundidade maior aos personagens principais e respostas às pontas que ficaram soltas. No geral, Wolf Pack é uma série boa, com uma trama interessante, mas que precisa se aprofundar mais em seus protagonistas, na amizade que estão construindo e criar um clima um pouco menos sério para engatar de vez.

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